sábado, 2 de julho de 2011

A GRAÇA DE DEUS (um estudo bíblico) por Ed René Kivitz

“Então Paulo ficou de pé diante deles, na reunião da Câmara Municipal, e disse: — Atenienses! Vejo que em todas as coisas vocês são muito religiosos. De fato, quando eu estava andando pela cidade e olhava os lugares onde vocês adoram os seus deuses, encontrei um altar em que está escrito: “AO DEUS DESCONHECIDO”. Pois esse Deus que vocês adoram sem conhecer é justamente aquele que eu estou anunciando a vocês.
— Deus, que fez o mundo e tudo o que nele existe, é o Senhor do céu e da terra e não mora em templos feitos por seres humanos. E também não precisa que façam nada por ele, pois é ele mesmo quem dá a todos vida, respiração e tudo mais... Ele fez isso para que todos pudessem procurá-lo e talvez encontrá-lo, embora ele não esteja longe de cada um de nós. Porque, como alguém disse: “Nele vivemos, nos movemos e existimos.” E alguns dos poetas de vocês disseram: “Nós também somos filhos dele.”
E, já que somos filhos dele, não devemos pensar que Deus é parecido com um ídolo de ouro, de prata ou de pedra, feito pela arte e habilidade das pessoas. No passado Deus não levou em conta essa ignorância. Mas agora ele manda que todas as pessoas, em todos os lugares, se arrependam dos seus pecados. Pois ele marcou o dia em que vai julgar o mundo com justiça, por meio de um homem que escolheu. E deu prova disso a todos quando ressuscitou esse homem”.

Atos 17.22-31
De acordo com C. S. Lewis, a graça de Deus é um conceito peculiar do Cristianismo. Nenhuma outra tradição religiosa tem qualquer equivalente à idéia de um Deus gracioso. A compreensão da graça de Deus é, portanto, vital para a experiência e vivência da espiritualidade cristã.

O que é a graça de Deus?
1.1. A graça de Deus é a boa vontade de Deus, a pré-disposição positiva de Deus, o desejo de abençoar, a intenção constante de fazer o bem e agir com bondade em relação ao universo criado e a humanidade. [Êxodo 33.19; Salmo 100.5; 2Crônicas 16.9; Jeremias 29:11; 33:3; Hebreus 4:16]

1.2. A graça de Deus é a interpelação, o apelo, o chamamento, o convite, a insistente convocação de Deus para que a humanidade se renda à sua bondade. [Hebreus 1.1,2; 3.7; 3.15; 4.7; Atos 14.16,17; 26.14]

1.3. A graça de Deus é o fluxo constante de amor e vida que sustenta o universo e a humanidade. [Isaías 18.4; Atos 17.28; Romanos 11.33-36; Hebreus 1.3]

1.4. A graça de Deus é a força ativa, o poder abençoador, o impulso, o empurrão que Deus imprime no universo e na humanidade para a existência e possibilidade do bem e do bom. [1Coríntios 15.10; Filipenses 2.13,14; Colossenses 1.29]

1.5. A graça de Deus é o favor imerecido de Deus para com a humanidade. [Mateus 5.45; Efésios 2.8-10; Tiago 1.17,18; 2Pedro 1.3]

1.6. A graça de Deus é a ação e o trabalho de Deus em favor do universo e da humanidade. [Salmo 37.5; Isaías 64.4; Mateus 6.25-34; Filipenses 4.19; 1Pedro 5.7]

1.7. A graça de Deus é a oportunidade, chance, concessão, permissão, autorização que Deus concede à humanidade para que experimente sua bondade e participe de seus atos bondosos. [Isaías 55.6; 2Coríntios 8.1]

2 - As implicações da graça de Deus
2.1. A vida não se explica sem a graça de Deus: Deus tudo criou, tudo sustenta e a todos concede vida e fôlego para que existam, inclusive em rebeldia e de maneira contrária ao seu caráter Santo, Santo, Santo. O Deus cristão é o Deus de toda a graça. [Isaías 6.1-5; Atos 17.24,25; 1Pedro 5.10]

2.2. A graça de Deus está presente inclusive onde a igreja ainda não está e aonde o evangelho ainda não chegou. [Atos 10.31; 14.16,17]

2.3. O mundo, a humanidade e o futuro são viáveis pelo fato de estarem sob a graça de Deus. Vale a pena fazer o bem, vale a pena semear para a justiça e a paz, pois a mão de Deus está promovendo e agindo em cooperação para trazer à existência o que é bom.

Toda e qualquer experiência humana do amor; atos de justiça, compaixão, e solidariedade; expressão ética e estética; a arte e a cultura; a ciência, a tecnologia e o trabalho; as filosofias e sabedorias; a ordem, a estrutura inteligente e a coerência lógica da realidade física, orgânica e social; o prazer, a alegria e o contentamento; a superação, a possibilidade de começar de novo, e a inovação; a rebeldia contra a morte e tudo quanto a promove ou representa; as possibilidades utópicas em relação ao futuro; a fé, a esperança e a paz, se explicam pela graça de Deus.

A expressão máxima da graça de Deus é a presença de Jesus Cristo no mundo, e tudo quanto com ele irrompe como possibilidade para a criação e a humanidade como fruto de sua vida, morte e ressurreição. Jesus é cheio de graça e verdade [João 1.14].

Para pensar:
1. Alguém afirmou que a pregação da graça que não causa escândalo não é pregação da graça. Você concorda?
2. Quais os perigos embutidos na afirmação da graça de Deus?
3. Como podemos nos proteger dos perigos inerentes à afirmação da graça de Deus?
4. O que você pensa sobre a afirmação de que “a graça de Deus está presente inclusive onde a igreja ainda não está e aonde o evangelho ainda não chegou”?
5. Como esta compreensão da graça de Deus afeta sua vida?
© 2007 Ed René Kivitz
http://www.ibab.com.br/guias-de-estudo.html